Esse ratinho simpático é uma das lembranças mais antigas que tenho da infância.
Eu tinha menos de 6 anos quando tentava escapar das regras de casa, ao permanecer acordada pra ver o Topo Gigio entrar na tela da TV, na companhia de Agildo Ribeiro. Nessa época meu pai dava plantão no hospital, em algumas noites, e eu enrolava minha mãe com aquela voz de criança, com jeito de quem não ia desistir de ver seu programa favorito - “deixa, vai, só um pouquinho...” Ela se rendia e eu ia dormir feliz, depois de ter me divertido com os dois. Nunca entendi porque o programa era à noite, se aquele ratinho era coisa de criança, ou não seria isso?
Ontem um garotinho de 6 anos me disse que “a diferença entre o mundo das crianças e o nosso é que eles têm muita imaginação, e que nós, adultos, pensamos muito sério sobre as coisas”.
Acordei hoje com o barulho dessa chuva que vem, vai e volta, e me lembrei logo do que ontem ele me disse. Uma pena mesmo a gente perder coisas da infância, principalmente as que tornam tudo mais fácil com a magia e a imaginação.
Então resolvi brincar um pouco pra me despedir do ano que já está indo embora e esperar 2011 chegar. Sei que hoje tem muita gente torcendo pra chuva não estragar a festa de Réveillon, inclusive eu. Mas, e se a gente imaginar que nessas gotas que não param alguém lá de cima está mandando uma essência pra melhorar o mundo em 2011? E se nelas existir uma mágica que vai tornar a vida menos violenta, menos egoísta, mais calma e tranqüila, com mais harmonia entre os povos, e nos tornar mais felizes? Dá pra imaginar? Eu já estou até querendo que a chuva se prolongue um pouco, pra gente começar a sentir esses efeitos logo, antes da meia-noite.
Então? Dá pra brincar de faz-de-conta? Ou meu amiguinho acertou, quando me disse que a gente perde isso? Adoro estar entre crianças...com o jeito simples de pensar sobre temas complicados elas nos mostram, muitas vezes, que nada é tão complicado assim. Basta usar um pouco a imaginação. Ah, e o coração também. Porque, afinal de contas, pra ser feliz a gente tem que desejar, se esforçar pra isso, e manter o coração batendo forte pra não perder a emoção que a vida nos traz.
Então, Feliz Ano Novo pra todos nós! Por via das dúvidas, eu vou levar pra minha noite um frasco vazio pra recolher umas gotas da chuva, se ela não parar. Quem sabe nelas vão estar mesmo o que a nossa imaginação inventar?
Todo Natal tinha que ter brinquedo, abraço de Vô e de Vó, família grande,
alegria, criança, e uma mágica pra gente voltar àquelas noites da infância...
...eu me lembro, com a maior das saudades, de atravessar a cidade pra ir à Pampulha passar as melhores noites da minha vida, quando dezembro trazia "a felicidade...pra você me dar..."
...não sabia mesmo o que iria encontrar pela frente, por isso começou a respirar lentamente, pra disfarçar o medo que invadia seu coração...
...desde a madrugada, quando começou a ouvir aqueles barulhos estranhos, pensou em se esconder e não sair mais daquele lugar, porque aí ninguém saberia que ela estava ali dentro...
...pensou que se contasse até 60 várias vezes não iria perder a noção das horas... mas se perdia sempre e tinha que começar de novo, então, desistiu...
...o barulho tinha começado na casa vizinha... foi quando acordou...agora, parecia ser dentro da sua casa...e ninguém se mexia lá fora, nada de ouvir palavras em voz conhecida e isso só aumentava seu medo...
...pra onde foram todos, então? Pensou ter sido abandonada e custava a acreditar que a mãe teria essa coragem, tamanho o amor que sentia ser o dela...
...ficou tanto tempo encolhida que parou de sentir suas pernas e teve medo de nunca mais andar...foi o que fez com que ela resolvesse se mexer e sair do esconderijo...
...quando ficou de pé e balançou seu corpo pra ver se estava ainda viva, pensou que tudo aquilo não tivesse acontecido e que ela pudesse ter imaginado todos os barulhos lá de fora...tinha escutado história de bruxa na noite anterior, e a mãe já tinha falado com ela que essas histórias aumentam a imaginação da gente...
...tomou coragem e foi olhar pra fora do quarto...
...tudo escuro, só uma luz na sala, debaixo da árvore...
...o medo foi e voltou... afinal, quem colocou ali aquela luz?
...andou bem devagar e se aproximou da árvore... a luz vinha do telhado até o chão, onde havia uma caixa prateada com seu nome...
...fechou os olhos e pensou se deveria abrir... isso nunca acontecera antes, na árvore da sua casa só colocavam cesta de alimentos diferentes, todo ano, e eles agradeciam sempre por isso, porque podiam comer melhor naqueles dias...
...pensou que se seu nome estava ali, era a dona da caixa e tinha permissão pra abrí-la, e assim o fez...
...o rosto iluminou-se com o que viu, e o coração bateu bem mais forte do que os outros anos...a avó tinha razão...pela primeira vez colocou uma carta no correio pra ver se o Papai Noel mandava outra coisa além da cesta, mas nunca achou que seria atendida...mas ali estava a boneca mais linda que ela já vira, em todos esses tempos dos seus 7 anos...
...agradeceu baixinho e na maior felicidade tomou posse da filhinha que acabara de receber... entendeu, então, o barulho todo que escutou antes...era do seu desejo, prestes a se realizar, iluminando sua noite de natal...
...quando o Rio era o da minha saudade...onde, pela primeira vez, vi o mar...sem ter passos em equilíbrio o bastante pra ir até ele, levada pela mão do pai, que desenhou minha infância com castelos de areia, pra onde sempre retorno quando quero sonhar.
...desde menina ela tinha a mania de acreditar que qualquer coisa que imaginasse pudesse acontecer...brincava, então, com isso...fechava os olhos e via o avô chegar, nas manhãs de domingo, pra chamá-la pra passear pela cidade...e ela ia, sentindo o vento soprar os ares de felicidade em seu rosto, enquanto o carro explorava as ruas dos bairros vizinhos e o vento entrava pela janela, que naquela época podia estar aberta o tempo todo, por isso as surpresas surgiam muito mais do que agora. A distração, da janela do carro, também era outra, naqueles tempos. Havia movimento de verdade e ela podia pedir o avô pra parar, podia descer, podia ir olhar de perto qualquer coisa que visse na rua e que despertasse sua curiosidade.
...desde menina foi curiosa com a vida...cresceu assim, com os sentidos tão abertos que nem sempre cabia tudo dentro dela...aprendeu a dar forma às coisas que recolheu durante os passeios com o avô e com os que vieram depois compartilhar do seu jeito de descobrir o mundo, pra ter diante dos olhos suas lembranças e descobertas...
...continua brincando de imaginar que tudo pode acontecer...todo mês, quando a lua cresce diante dos seus olhos e arredonda um pedaço do céu, finge que o céu se tornou dela e que a lua está ao seu alcance...e que se olhar pra lua cheia com muita vontade, qualquer coisa que pensar, vai acontecer...qualquer coisa...até encontrar na superfície da lua um grão de amor, que ela vai recolher e levar pra casa, como fazia nos passeios de sua vida de menina. (da Série: "O amor de cada um", n.6)
.
..Sempre gostei de ler, desde muito pequena. Desde quando me foi possível decifrar as letras que compunham palavras que enfeitavam frases que se tornavam uma escrita a ilustrar livros...
O primeiro livro de Saramago que li foi "O Evangelho Segundo Jesus Cristo". Li mais de uma vez, na verdade, com um certo intervalo de alguns anos, tamanho o impacto que teve sobre mim. Um autor que se tornou um de meus prediletos.
Minha cunhada, certa vez, voltando dos Estados Unidos, teve sua mala extraviada, ou melhor, subtraída por alguém ciente de seu conteúdo. Nenhuma mala "desinteressante" tem seu destino interrompido, a não ser que desperte a cobiça alheia que espreita os aeroportos espalhados pelo mundo. Difícil calcular a indenização, dizia ela ao me contar esse caso ...principalmente porque nela estavam "todos os meus livros do Saramago"... achei surpreendente aquela revelação, que só se torna compreensível por se tratar de alguém verdadeiramente mergulhada no mundo das letras...em sua mala, claro, não poderiam faltar aqueles livros, mesmo que sua ausência do país não fosse tão longa. Quando se ama os livros é preciso tê-los à cabeceira e, muitas vezes, é preciso que sejam do mesmo autor...
A morte de alguém que se admira é sempre sentida. É como se desejássemos que não houvesse nunca a ausência da carne e do osso, mesmo sabendo que o que nos capturou foi a alma, e que essa fica eternizada, presente em sua obra.
Aguardo, com expectativa, a estréia de "José e Pilar"... na tela, a história de amor de Saramago.
"Espetacular! Essa é a melhor palavra para definir o clássico mineiro. Se tudo antes do jogo parecia conspirar para que o Cruzeiro conquistasse mais uma vitória no Campeonato Brasileiro, um jogador tratou de dar um outro rumo ao confronto. Afinal de contas, o público presente no Parque do Sabiá era formado apenas por torcedores cruzeirenses. Mais: o time celeste era o líder da competição, com uma campanha brilhante. Já o Galo estava na zona de rebaixamento há 21 rodadas, lutando para se livrar do péssimo retrospecto no torneio. Além disso, o Cruzeiro tinha em campo o craque do Brasileirão, Montillo, em grande fase.
Mas Obina fez questão de apagar isso tudo. Em apenas 30 minutos de jogo, o atacante fez três gols e praticamente decretou a vitória atleticana. Aliás, o feito do mais novo caçador de Raposa é ainda mais significativo: tirou o Galo da zona de rebaixamento e, de quebra, tirou também o Cruzeiro, só que da liderança do torneio, que agora pertence ao Flu. Réver marcou o outro gol do time dirigido por Dorival Júnior. O time celeste, que reagiu após ver o placar ficar 4 a 1, descontou com Thiago Ribeiro (2) e Gilberto"
Estive ontem no Verde Gaio. Tive a grande satisfação de ouvir a voz belíssima de Luísa Toller cantando fados...fiquei encantada...revi músicas que adoro...estive entre amigos...ouvi versos de Fernando Pessoa...noite imperdível...
"Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo..."
(fragmentos do poema "Navegar é preciso", de Fernando Pessoa)
...muitos me fizeram sonhar...alguns com as letras, outros com a vida, muitos com a psicanálise, outros com o ensino, mas o que não é possível esquecer é o desejo presente em todos eles de estar ali, ensinando, transmitindo o prazer em exercer uma profissão impossível, como um dia escreveu Freud.
...hoje estou lá, ensinando, e cá, aprendendo...dividindo sonhos com meus alunos e com os professores que tenho encontrado pelo caminho...
...pra eles, o dia de hoje...
“É impossível existir sem sonhos”
Paulo Freire
"A mera transferência de conhecimento, ou de informações, jamais levará um sujeito a “sonhar com dias melhores”, a ter perspectivas, a ousar e a criar o novo; poderia, no máximo, fazê-lo tomar conhecimento do novo. Se devêssemos, então, propor um único predicado para o ato de ensinar, diríamos “ensinar é fazer sonhar”, é levar a sonhar, levar a descobrir, a criar seu próprio mundo..."
(do texto: Educar é fazer sonhar / Francisco Caruso& Maria Cristina Silveira de Freitas)
...cenas de setembro ainda giram em minha cabeça, saídas de um aniversário que mais parecia festa das convidadas do que dela, que completava mais uma volta em torno do sol, como ela mesma nos disse...das amigas, a que mais estampa nos gestos nossa importância em seu cotidiano... sabe das coisas e muitas vezes não sabe, e sabe dizer que não sabe com uma sinceridade e lucidez que me impressiona... conversar com ela é sempre tempo indeterminado, não tem como finalizar o verbo, as palavras seguem um caminho que a gente acaba por interromper porque é impossível o ponto final... sabe cuidar quando é preciso e transformar momentos de medo e dor em aproximação e prazer em tardes de sábado reinventadas...sabe surpreender quando revela um gosto enorme pra escolher músicas (eu pensava que era só com os livros)...e sabe se repetir na surpresa, porque a verdade é que sabe encontrar preciosidades por onde anda, sempre, e descobri que o segredo é o olhar de lupa que a faz enxergar o que nos passa desapercebido...me faz querer dar o melhor de mim aos meus amigos...me faz querer driblar o tempo, pra estar mais entre os que amo...me faz querer parecer com ela nesse amor, retratado na delicadeza com que nos reúne e nos envolve...manhã de quinta-feira, morangos e amigas felizes com o maior tempo pela frente sem pressa de abraço de despedida...sabe fazer de um aniversário o melhor momento compartilhado...e só pra selar nossa amizade, as cenas do beirut que eu nem conhecia, e que só ela pra me mostrar...
"A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega"
Penso que dica é assim - a gente experimenta quando nos interessa e se der certo, valeu a pena...se não der, valeu mesmo assim, pelo menos tentamos.
Minha amiga Iêda deixa sempre seu olhar zen nos ensinando a tratar a vida com mais humor, o que considero um ganho e tanto nos dias de hoje. Haja paciência pra lidar com tanta coisa que anda fora de lugar...
Então...dêem uma espiada no link abaixo...vai fazer bem ao coração.
.
.
. ando sumida daqui, quase deixando setembro passar sem nada a declarar, logo setembro, um dos meus meses preferidos...
...aulas, aulas e outras aulas, roubando-me o tempo e a vontade de escrever.
Continuo olhando o mundo e tudo o que ele me apresenta, continuo dividindo esse olhar com uma criança inteiramente entusiasmada com suas descobertas que me lembra o jeito tão meu de viver - só filho mesmo, pra parecer tanto...as coisas mais simples crescem e tomam formas gigantes, de tanta alegria e prazer...Muito bom saber que, sem perceber, a gente vai transmitindo isso e aquilo pelo caminho.
Tem coisas que nem todo mundo enxerga. Ontem um amigo me mostrou uma joaninha que passou voando por nós e achei seu gesto surpreendente. Nem todo mundo consegue notar um vôo simples assim. Lembrei-me da minha irmã, que teima em viver longe de mim e me enche de saudade por isso. Ela amava brincar com as joaninhas que passeavam pelo jardim do nosso prédio...era uma mania de ir atrás delas, pegá-las, colocá-las pra andar por entre os nossos braços até que elas saíam voando e ganhavam espaço novamente. Fizemos isso incontáveis vezes. Um tempo guardado dentro de mim, que ontem surgiu inesperadamente à lembrança.
Minhas coisas simples que se tornam gigantes...joaninhas, juninhas, amizade, saudade...e um mundo nos esperando em movimentos inesperados, como um vôo de joaninha numa manhã de sábado anunciando a primavera que já vem vindo por aí.
...
Adoro coincidências e surpresas, uma situação com a qual me deparo e que não estava nos planos, mas que cai muito bem, encontrar numa linha da agenda um escrito que eu nem me lembrava que estava lá, rever alguém que eu gosto muito e que me surpreende ao surgir sem aviso, tudo isso me traz muito prazer.
Pois bem, apesar de parecer que não dava pra eu não saber, juro que eu não sabia que hoje o Primaletra faz seu primeiro ano de palavras, poesias e canções...por pura coincidência mesmo, ao ver que o post de ontem havia sido o de número 100, resolvi olhar quando tudo começou e lá estava a data: 22 de agosto de 2009!
Isso pode parecer pura bobagem, mas não pra mim. Não tinha a menor idéia de como seria manter um blog, comparecer sempre com algum texto interessante, fazê-lo existir pelos meses que viriam sem desanimar, e vi que não é nada fácil. Nem sempre as palavras querem surgir, tanta coisa a fazer de trabalho, aulas, um doutorado se iniciando, mais tantos etcs roubando meu tempo e minha imaginação que haja fôlego.
Surpreendida com a data de hoje resta-me dizer que o prazer é todo meu, de verdade. Vou ali soprar as velas imaginárias e enfeitar meu pensamento pra que ele queira, por mais tantos anos, manter a inspiração que transforma o que é meu no que é nosso. E o que é nosso eu deixo aqui, registrado, no meu mundo de palavras...
.
Algumas semanas atrás fui ver Elza Soares no palco durante o Festival de Jazz, em BH, acompanhada do saxofonista mineiro Nivaldo Ornelas e do guitarrista argentino Victor Biglione.
Não dá pra descrever o que ali se passou. Fui um pouco ressabiada, fã que sempre fui de Elza, por saber que a veria com tantas transformações no rosto que me causam certa estranheza. Enfim, não resisti ao convite, pois, afinal de contas, aquela voz estaria ali como sempre, e não dá pra negar que é algo imperdível a voz de Elza se espalhando pelos ares.
Esperava muito, mas não esperava o que vi. Elza, com toda sua grandeza, entrando no palco amparada, não pela idade, mas por uma torção no pé que insistia em fazê-la cantar sentada...e ela insistia em se levantar, porque o corpo de Elza não sabe se conter, mesmo quando necessário.
Dá pra dizer que foi imperdível! Ela ali, maravilhosa, causando-nos sobressaltos no peito quando driblava a perna e se levantava, se esquecendo da dor, e cantava como só ela consegue fazer.
Muita gente fala de idade, do tempo de se recolher, da hora de se aquietar, mas ali, diante dos meus olhos, Elza inteira, sem idade, sem pudor, sem dor, alma desgarrada do corpo, convencendo-me de que é possível ir pra qualquer lugar no tempo e no espaço quando se deseja.
Ao final todos nós sem palavras, por alguns instantes. O silêncio acaba atravessado pelas palmas e pelas vozes da platéia, reconhecendo aquele momento divino capaz de transformar qualquer um que ali se encontrava.
Só consegui pensar que depois dessa noite, pra mim, nada mais tem idade! Vou continuar ouvindo as canções que me fazem ter vontade de insistir com a vida, sempre!
“Façamos! Vamos amar” Afinal, temos todo o tempo do mundo pela frente!
Duro foi ouvir o filho soluçando no quarto, quando o jogo acabou de vez, ele e um coleguinha da mesma idade...a tristeza aos nove anos, nessa hora, costuma ser maior. Me doeu mais o choro do que a derrota.
A gente já sabia...
Taí o Aurélio que, como sempre, nos socorre quando queremos entender algo incompreensível!
A gente, já sabendo, queria pensar que ia dar certo...
De certo modo, a gente preferiu acreditar que a sorte ia mudar a realidade...
...
Haja letra pra dar conta de tanto verde e amarelo que vejo pela frente...procuro me animar também, não vou ser eu a do contra...
Durante o primeiro jogo ri tanto das bobagens jogadas fora, que hoje resolvi ficar mais quieta, tentando ouvir a narração do Bueno, o que foi literalmente impossível: a sala era um barulho só...
...mas não perdi o humor, pelo contrário, esses Borges juntos rendem uma história e tanto...taí o livro do Marcos (*) que não me deixa mentir...
Se fosse pra eleger um momento, diria que o choro do filho mais novo, indignado com a expulsão do Kaká, não deixou de causar uma cena inusitada...enquanto eu tentava convencê-lo de que não era pra tanto, e que futebol é assim mesmo, o tio Augusto tentava capturar a imagem pela lente da máquina, achando tudo meio cômico, o que aumentou mais ainda a explosão de raiva do outro...
...esses homens... porque será que desde tão pequenos, eles se importam tanto assim com futebol?
Como diz o dito: “haja coração”...e a gente só está no começo...
Gente, o "Guto" é o "menino" mais velho daqui de casa...o show de lançamento do disco do DLTH arrasou, de tão bom. E o disco vale cada faixa, do início ao fim...e juro que não é palavra de "mãedrasta" coruja.
O Primaletra recomenda: leiam a entrevista abaixo...
DLTH
por Lafaiete Junior
O Dead Lovers Twisted Heart, banda ativa na cena de Belo Horizonte há uns quatro anos com sua mistura de folk, rock e música pra dançar, se prepara agora para lançar o tão aguardado primeiro disco cheio. A banda vai colocar na praça DLTH em formatos de CD e vinil. E o som do álbum que vem por aí é aquele já conhecido estilo Dead Lover de ser, só que muito mais bem trabalhado. DLTH é safado, sexy, puritano, cool, old e romântico de um jeito que talvez só o Dead Lovers Twisted Heart consiga fazer. Entre as músicas do álbum estão as já conhecidas "Mrs. Magill" e "All Things (You Gotta Do)" ao lado das novidades certeiras "Rock Hurts And Heart Beats", "Line 5102" e as belas "Pretenders" e "Isabelle".
O show de lançamento de DLTH será na próxima sexta-feira, 11 de junho, às 22 horas no Lapa Multishow, em Belo Horizonte. E um detalhe: o show vai contar com uma orquestra para interpretar algumas músicas do disco novo, além de canções antigas. Pra saber um pouco mais sobre o disco do Dead Lovers Twisted Heart, o Alto-falante conversou com o guitarrista Guto.
ALTO-FALANTE: Finalmente o primeiro disco da banda... Fale um pouco sobre o processo de produção e gravação. Algumas músicas até já rolavam em shows, né?
GUTO: Finalmente! Bem, foi um longo processo. Contando do dia em que começamos a fazer as primeiras guias até hoje já se vão 2 anos e meio! Mas esse período tão longo na verdade foi marcado por várias etapas, todas elas bem exemplares dos altos e baixos de uma banda que se mete a fazer um disco com o próprio dinheiro, com o equipamento que dá, contando com a ajuda dos amigos, de parceiros, assumindo todos os riscos desse processo. Queria ter registrado isso melhor. Ia ter sido um barato. Mas foi aquela velha história, gravamos bateria no período mais barato do estúdio (na madrugada) durante as férias, o resto todo gravamos em casa pegando todo tipo de equipamento emprestado, num esquema que tinha que desmontar estúdio quase toda semana e remontar e tal. Nisso todo tipo de mudança na vida das pessoas da banda aconteceu. Pra você ter uma ideia, o filho do nosso produtor musical tem exatamente a mesma idade do disco (risos). Bom, no final das contas o pessoal do selo Ultra Music nos ajudou a finalizar o áudio. Barral (diretor do selo) mixou, masterizamos em Nova York, Pat (baterista da banda) e Yann fizeram a arte do CD e do vinil, e agora vai!
AF: Vocês tiveram algum apoio?
G: Contamos sim com amizades, apoios morais e algumas parcerias. Apoio de lei, grana do estado e essas coisas? Não tivemos não. Nem tentamos. Foi uma opção da banda. E não vou mentir pra você, é um perrengue desgraçado essa história de produzir exclusivamente com seus recursos hoje em dia. Tem que ralar muito. Seria muito legal que as pessoas tivessem ideia disso, porque é um processo muito rico também. Faltou grana? Claro! Falta até hoje. Mas a gente fez de tudo para cobrir todos os reduzidos gastos do disco com a grana que a banda gerava com os cachês. Uma das coisas que atrasou o processo foi justamente o fato de que não podíamos parar de tocar para gravar, afinal a gente precisava dos cachês para conseguir lançar nosso disco com uma qualidade legal. No final das contas, esse nosso formato "econômico" foi bem interessante, pois conseguimos fazer um processo de gravação até agora "auto-sustentável", por assim dizer.
AF: Quem assina a produção do disco?
G: Como eu estava te dizendo, esse disco conta com a produção musical do Thiakov, o mesmo produtor do nosso EP, e na verdade, a parceira mais importante da banda. Ele é como o quinto Dead Lover. Mas o processo foi caminhando de tal forma que eu, que comecei a gravar o disco só como músico terminei por assinar a co-produção artística. Eu e Thiakov tivemos que nos desdobrar imensamente para conseguir chegar a lugares que a banda ainda não tinha chegado. Estudamos muito juntos para resolver problemas de sonoridade, timbragem e arranjos. Foi muito bom no final das contas. Aprendi muito mesmo.
AF: DLTH vai ser lançado em CD e vinil. Por que escolheram esses dois formatos?
G: Bom, o nosso EP anterior foi disponibilizado para download na internet, mas nós resolvemos finalizar a carreira dele com a prensa em vinil, que saiu no início do ano passado pelo selo Vinyl Land. Foi um convite do Luiz, diretor do selo, e aceitamos pelo prazer de se lançar um compacto nos dias de hoje. Escutando o disco ficamos surpresos como a sonoridade era muito fiel ao nosso projeto sonoro para a banda. Além disso, através do Luiz fomos descobrindo o imenso lastro de colecionadores, de festas e circulação do formato, assim como o interesse enorme que existe hoje pelo que se entende como uma "volta" do vinil. O nosso EP em vinil foi lançado e esgotou com uma rapidez assustadora, foi comentado até não poder mais, demos várias entrevistas falando do assunto. Então terminamos por nos "engajarmos" nessa história do vinil por motivos estéticos e ao mesmo tempo por acreditar que o vinil é um formato que cobre uma lacuna muito importante na produção e consumo da música hoje em dia e que diz respeito justamente aos novos caráteres físicos dela. Além do som ser muito específico - para nós ser esteticamente valioso - o vinil é um objeto lindo, tem muita memória cultural no meio. As pessoas compram às vezes sem ter vitrola. Escutam o MP3. Mas querem ter um novo (velho) objeto para a música.
AF: O que mudou na banda do primeiro EP pra esse álbum cheio?
G: A banda amadureceu muito. E isso para nós significou até agora diversificar-se ainda mais. O som está ainda mais plural, eu acho. A banda, por sua vez, está mais segura dos arranjos, eles por sua vez estão mais claros, mais detalhados. A participação da banda acompanhando mais de perto o processo de produção do disco deu a ele uma cara mais fiel às apresentações ao vivo. O áudio está bem tratado. Mas o mais importante, o disco fecha um conceito específico deste momento da banda, daqui pra frente devemos ir caminhando para outros lados também.
AF: Você consegue definir o Dead Lovers? Não só a música, mas a banda como um todo?
G: Alguns amigos mais próximos costumam gritar durante o show uma brincadeira interna nossa que é chamar a banda de "Dead Lover is Tudo Errado", que é uma brincadeira com a sonoridade em inglês do nome da banda. É uma boa definição. Somos meio errados (risos). Costumo dizer que somos uma banda "sem caráter", como o macunaíma, temos qualquer cara, desde que seja boa (risos).
AF: O disco deu uma "vazadinha de leve", né? (risos). Como está a resposta dele até agora?
G: Esta sendo excelente! Só elogios (risos). Essa vazadinha eu vou explicar. A gente mandou intencionalmente o disco para as pessoas que de alguma forma participaram do processo. Amigos de estrada, o pessoal que emprestou equipamento, pessoal da crítica que já nos conhece. Aí ele deu uma circuladinha bem restrita. Mas aí eu fico vendo no twitter que o disco começa a ir se espalhando, cada vez mais gente vai escutando. Tem gente indócil querendo o disco já. De qualquer forma já já sai pra todo mundo. Quem quiser escutar em primeira mão já estamos colocando o disco para audição online (www.myspace/thedeadloverstwistedheart e www.soundcloud.com/dlth), mas para adquirir vai ter que ir ao lançamento.
AF: Pretendem deixar o disco pra download em algum lugar? O que pensam sobre isso?
G: Acho que estas coisas são inevitáveis. O disco acaba aparecendo para download. E banda independente tem mesmo é que fazer sua música tocar de qualquer jeito, acho isso bom. No entanto o que acontece é que as pessoas baixam tanta música hoje em dia que lançando de qualquer jeito, sem nenhum tipo arte envolvida nisso, seu som vira quase aquele junk mail que só enche o computador do cara comum, como um spam ou mais um dos 15 discos que cara baixou no dia. Muita gente já nem baixa, escuta online mesmo num esquema que parece ser gratuito, mas as pessoas se esquecem que pagamos muita grana de provedores de internet que por sua vez ganham enquanto disponibilizamos nossas músicas online. Muita gente acredita que "baixar" disco na internet é "gratuito", mas não é, né? É um jogo muito delicado. Então voltando, nós devemos colocar o disco inteiro para audição na internet, venderemos o vinil e o CD e esperamos que as pessoas espalhem o nosso som o máximo que puderem.
AF: Por que o nome dele é DLTH? Não quiseram colocar Dead Lovers Twisted Heart de uma vez?
G: Pôxa, você é jornalista, imagina que coisa insuportável escrever o nome do disco "Dead Lovers Twisted Heart da banda Dead Lovers Twisted Heart"? (risos). Mas não é isso. Escolhemos o nome do disco depois que Pat, nossa baterista, e o Yann finalizaram a arte da capa. É uma opção meio gráfica. A arte do disco é bem minimalista e fez muito sentido serem só as iniciais.
AF: Como vocês observam a cena da música independente em Belo Horizonte?
G: É engraçado, estando nesse meio aí das bandas que surgiram no final da primeira década dos anos dois mil aqui em BH há algum tempo, é possível ir vendo gente nova ir aparecendo e tornando a coisa ainda mais interessante. Não que exista uma separação entre grupos, muito pelo contrário, todo mundo está cada vez mais misturado, mas estou sacando um tanto de gente nova dando as caras na cena, fazendo um som bom pra caralho, chegando com força. Acho isso sensacional. O número de bandas só aumenta, e o mais importante: bandas muito boas. Coisa instrumental como Iconili e o Dibigode, uma onda meio ska-roque como o Fusile e o Pequena Morte, a galera mais indie do Monograma e o Hells Kitchen Project, os indecifráveis do Grupo Porco, o pessoal da musica brasileira como Urucum na Cara, o Capim Seco... é muita gente boa aí. BH deve ser uma das cenas mais diversas e interessantes do Brasil.
AF: Belo Horizonte influencia a música de vocês? Como?
G: Com certeza, o fato de todo mundo em Belo Horizonte se conhecer ajuda muito no nosso som. A gente é muito aberto a sonoridades, referências, amizades, interferências e tudo que mude nosso som. Nesse sentido, de alguma forma, o som desses grupos que eu mencionei antes são uma parte mais recente destas nossas referências mais recentes. Já tocamos, somos amigos ou tocaremos com todos eles. Isso é muito bom.
AF: Como está o lance de divulgação do trabalho? A banda já tem planos pra esse ano?
G: O plano esse ano é lançar esse disco, fazer ele circular o máximo que pudermos, para colhermos frutos dele. Estamos fechando um cronograma de lançamento por alguns lugares no Brasil. Vai ser bem interessante.
Dead Lover's Twisted Heart promove lançamento de novo vinil Não deixem de ir...
"Já classificados de "Folk Turbinado" pela revista Rolling Stone e eleitos uma das revelações da cena independente, os três rapazes e a baterista do Dead Lover's Twisted Heart ganharam em muito pouco tempo os corações do rock independente dentro e fora de Minas Gerais.
Contando inicialmente apenas com a internet como meio de divulgação de seu trabalho, a banda decidiu no ano de 2008 sair do espaço virtual e lançar suas músicas, apostando no vinil como formato. Agora, prestes a fazer mais um lançamento, a banda se juntou tanto ao já parceiro de outras datas Vinyl Land, quanto ao selo belorizontino Ultra Music para fazer seu novo álbum, dessa vez completo, com 12 faixas inéditas.
Disco - "DLTH" é o resultado desses três anos de carreira e mostra o material que eles já vêm tocando pelo Brasil afora. Adeptos do “do it yourself” do punk, assim como do novo movimento da música independente, a banda se enfurnou em casa com os equipamentos que tinha e produziu tudo, das musicas e arranjos à capa, finalizando depois no estúdio Ultra. E o que se encontra ao longo das 12 faixas que compõem esse disco é uma miscelânea de estilos e influências que vão de Beatles a Eagles of death metal, de Leadbelly a Michael Jackson... tudo isso sem perder o fio condutor da originalidade, do bom humor e da energia.
Festa - O lançamento deste esperado álbum será no dia 11 de Junho, às 22h no Lapa Multishow, em Belo Horizonte. Além da possibilidade de comprar o álbum a preços promocionais no dia, quem for ao evento vai se divertir em uma grande festa, que contará com as participações especiais dos DJ’s Luiz PF, Deivid, Fael e JJBZ, todos discotecando apenas vinis. Nesta festa especial de lançamento, os Dead Lover’s juntaram uma orquestra para tocar algumas de suas músicas, interpretando canções do novo álbum, criando novos arranjos e tocando seus velhos “clássicos”."
Festa de lançamento do disco "DLTH" - Dead Lover’s Twisted Heart
Local: Lapa Multishow - Belo Horizonte
Data: Sexta - 11 de junho - 22h
Ingressos: 1° lote – R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia) | 2° lote – R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Mais informações: http://www.myspace.com/thedeadloverstwistedheart
.
.
.
As coisas bem vindas têm formas particulares, para cada um de nós. Reconhecê-las e saber recebê-las torna-se uma conquista importante a se realizar, sempre.
Gosto de receber junho. Com ele, as coisas se tornam mais lindas onde está o amor, para muitos desse planeta.
Frio, vinho e as nossas coisas ... Nando Reis escreveu sobre isso e Cássia Eller cantou, lindamente, essa canção, pra gente não se esquecer de que é preciso saber se reconhecer nas coisas tão mais lindas que trazem a cara do nosso desejo nesse mundo!
...
Ela diz: “anda” Ele diz: “tenho medo”, ela diz: “de que”? Ele: “do que iremos ver”...e ela: “não tenha medo, bobo, estou aqui pra proteger você”, ele: “você sempre diz isso mas depois corre e me abandona” e ela: “mentira, eu corro pra você correr atrás, você é que não vem, e nunca entendo por que”...ele: “porque se eu correr vão dizer que sou medroso”. E ela: “e daí, você sempre tem medo mesmo”. E ele: “não fala assim, tô aprendendo ainda a ver o mundo”...ela então se vira pra ele e lhe estende a mão: “segura aqui e vem comigo, agora, sem ficar aí pensando muito se deve ou não vir”. E ele: “queria ter sua coragem, você devia ter nascido depois de mim”...ela lhe sorri carinhosamente, com o maior amor do coração. Já tinha se acostumado a lhe apresentar as coisas do mundo que inventaram no quintal da casa da avó...só os dois sabiam daqueles segredos. Mas ele cismava sempre, tinha que esperar pela sua voz, pela sua mão, pela sua vontade de descobrir novidades, que era tão grande que parecia que não ia caber naquele quintal.
Naquela noite ela foi lhe mostrar a lua nascendo, grande, linda, e ele, que nunca tinha visto nada igual, no início gritou de susto, achou que era um balão de neve subindo e que se derretesse ia cair tudo em cima deles....ela morreu de rir, “onde já se viu balão de neve? Se fosse de algodão doce ainda ia, mas neve, por aqui?” Ele disse que viu neve no livro de histórias da mãe, que tinha uns pontinhos brancos espalhados pelo chão e a mãe disse que era neve sim...ele acreditou, “porque a mãe não mente nunca pra gente”...ele apertou sua mão com força, de medo, de felicidade, de amor por ela por quem era encantado, por sua delicadeza e determinação, ao mesmo tempo, de ir lhe apresentando coisas que descobria primeiro...ela bem podia ter preferido crescer sem dividir com ele aqueles prazeres, só pra dizer que sabia mais, mas não, desde muito cedo ela o queria bem perto, dizia que a vida não tinha graça de espiar sozinha e por isso ia sempre lhe buscar pra trazer os olhos dele pra perto dos dela.
Ele respira fundo. Está a dois passos da porta da casa dela. Essas lembranças vieram no exato momento em que se aproximava pra lhe reencontrar, depois de anos distante daquele lugar. Sente a emoção molhar-lhe as vistas...os dois já não são mais os mesmos, como será vê-la assim, sem anúncio de chegada, sem tarde combinada, sem programa de quintal? Toma coragem e se anuncia, alguém escuta e abre a porta, ele entra e ela está sentada diante da janela. Ela o vê e, como se ontem tivesse sido a despedida, diz, com a mesma voz de criança que o acompanhou em todos os momentos em que se lembrou dela pra ter coragem de seguir caminho: “Sempre o mesmo, me fazendo esperar. Você quase me faz perder a hora da lua nascer...” Ele se aproxima e acompanha a direção do olhar que ela dirige pra fora da janela. A lua já ia saindo ali, bem perto, como da primeira vez em que a viram juntos. Ele entrelaça seus dedos nos dela e diz: “não vai me dizer que é de algodão doce!" “Claro que não”, ela responde, “dessa vez vou dizer que é de neve, só pra concordar com você”. A luz da lua se mistura com a alegria do lugar. Não dizem mais palavras... ali, entre eles, as lembranças e a certeza de que somente o silêncio poderia dar conta do amor de infância dos dois... (da Série: "O amor de cada um", n.5)
Quase nunca sinto dor...não sou de me entregar fácil, não “caio de cama” à toa, resisto sempre que posso.
Enfim, chegou o dia em que ela me venceu. Começou devagar, sem fazer muito alarde, como um incômodo estranho se apresentando em alguns movimentos do corpo. “Tenho que me alongar mais”, pensei, no fundo sabendo não estar me alongando nada, achando que o recado era muito claro de um corpo se sentindo abandonado.
Hoje, tudo piorou intensamente...assustada com o cenário, busquei as soluções possíveis e me vi, finalmente, impedida de realizar movimentos banais...pelo visto vai demorar um pouco a passar e terei que seguir à risca o tratamento.
Presa em casa em plena sexta-feira à noite, só me restou buscar alívio no pensamento...senti saudade de uma canção que adoro e que me faz pensar que, no final, tudo dá certo...a gente só não pode se esquecer de cuidar bem daquilo que nos pertence.
Nas letras de Walter Franco, na voz da Leila e na minha certeza de que irei me cuidar, estou aqui, esperando a vida me buscar novamente, “a toda hora, a todo o momento”...
“Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta, e o coração tranqüilo...”
Estar com quem a gente ama só traz alegria e conforto ao coração... Mesmo naqueles momentos de frio e nebulosidade, em que não sabemos o que fazer diante de algum mal estar que se instala e, às vezes, demora a passar, vale a pena a companhia.
Ouvi ontem de uma amiga recente, que tem me proporcionado boas risadas com seu refinado senso de humor, algumas versões para a máxima: “Amar é”... Muitas frases surgidas pra definir o indefinível e brincar com os desencontros. A gente até tenta definir, mas, no fundo, cada um constrói a sua versão para a tão sonhada condição humana...
Diria eu: “Amar é: querer estar sempre, sempre, sempre perto...e aceitar que tanta proximidade é impossível ao amor...” (da Série: "O amor de cada um", n.4)
Fui surpreendida ontem, quando a noite quase chegava ao fim, pelo presente do Dia das Mães... A infância, muitas vezes, tem aquela urgência de não deixar pro dia seguinte momentos especiais... Ainda bem, assim as crianças nos trazem sempre cenas inesperadas.
O tradicional cartão feito à mão, com o desenho de um coração contendo letras de amor à mãe, já me deixou amolecida. O embrulho da Leitura, mesmo deixando escapar alternativas – livro, CD, DVD – não me fazia imaginar que eu encontraria aquele conteúdo: um DVD do Tom Jobim, que me arrancou uma exclamação de pura felicidade pela escolha (aqui em casa o combinado é que ele escolhe o presente, nessas ocasiões). Mas o que estava por vir me derreteu completamente...sua resposta à minha indagação:
“Filho, que surpresa, como você pensou nisso?”
E dos seus 9 anos, uma resposta singular:
“Ah, mãe, eu olho nos seus olhos... eu sei que você ama o Tom Jobim!”
Ganhei a noite, o dia das mães, a vida inteira!
Essas letras de poesia, ditas com a naturalidade que as crianças têm de se declarar, só aumentam o amor que sinto por esse menino, que enche de energia, encanto e alegria a minha vida.
Letras, palavras, poesia e amor...meu caminho por esse mundo!
Parece nome dos livrinhos de bangbang que meu avô gostava de ler e que ele comprava em bancas de revista. Eu não lia nada disso, aliás, acho que quando comecei a vê-lo com esses livrinhos minúsculos eu nem lia ainda. Mas nunca me esqueci deles, achava curioso e engraçado aquelas miniaturas de livros com capa de faroeste americano que tanto distraíam meu avô. Quando cresci um pouquinho, quando eu chegava em sua casa aos domingos, que pra mim era dia especial porque ia ter o abraço do Vô e da Vó que eu tanto amava, logo ia ver a capa do livrinho da semana... Eles acompanharam meu avô por muitos anos. Viraram milhares, guardados nas gavetas que eu remexia buscando vestígios do Vô depois que ele se foi, só pra matar um pouco a minha saudade.
Pois hoje o “domingo sem lei” ficou por conta de alguém que passou pelo passeio da rua e resolveu cortar um fio importantíssimo que mandava energia pro prédio. Assim a CEMIG nos explicou, apesar de que até agora não deciframos o mistério de como esse “sem lei” conseguiu fazer isso sem ser visto. Resultado: um microondas, um computador, uma TV e um DVD queimados, só aqui em casa... E eu tive que ouvir meu time ser campeão mineiro pelo mp3, já que faltou luz quase o dia todo por aqui.
Mas a verdade é que estou chegando ao fim do dia com a mais pura sensação de domingo cumprido: sem luz, com futebol, com taça e com saudade de tempos que só voltam nas lembranças...
Ah, esses tempos...Ainda bem que, pelo menos assim, eles voltam pra mim.
.
Aqui nessa casa são cinco: o pai, a mãe e os meninos, que são três. A mãe conheceu o pai há 20 anos, e os dois meninos também, que tinham na época 7 e 8 anos. Assim começou a história dessa família. A mãe e o pai namorando, os meninos sempre juntos, até o namoro virar casamento. Depois de um tempo, o menino mais novo chegou e foi uma alegria grande – lá se vão nove anos e um mês, desse dia.
Os cinco na mesma casa, um cotidiano se desenhando e momentos importantes sendo guardados dentro de mim. Fico dentro do armário do escritório e, quando não querem se esquecer de alguma coisa, me tiram de lá, abrem minha tampa e com todo cuidado deixam dentro de mim um pedacinho de valor da família. Já guardo muitas coisas: fotos, frases, músicas que os meninos fazem, lembranças, amigos, nem sei como cabe tanta coisa aqui comigo.
Hoje vieram me buscar. Parece que querem rever os guardados pra que o filho mais novo possa contar na sua escola. Lá, eles fazem uma festa pra que as famílias mostrem como são, e cada ano tem um jeito diferente de fazer isso. Escuto vozes. O mais novo, com aquela pressa da infância, vai procurando logo o que quer rever. A mãe pede calma e eu me preparo para uma invasão inesperada. Ainda não me acostumei a ser tirado do meu sossego habitual.
Os momentos valiosos vão sendo retirados, um a um: encontros de Natal, almoços de domingo, comida da Vovó Jane, aniversário dos meninos de casa, a chegada do cachorro, as idas à Brasília pra rever as primas, passeios no sítio do Vovô Caldeira, as partidas do Cruzeiro no Mineirão com o pai, churrasco dos Borges na Tia Marina, idas ao cinema com a mãe, comer Petit Gateau pra comentar no blog do Tio Augusto, os shows dos meninos mais velhos, as leituras do livro do Tio Marcos, idas à casa da Tia Bia visitar Vovô Geraldo, as espiadas das fotos da Vovó Nely pra matar saudade...tanta coisa essa família gosta de fazer...
A mãe fala pro filho mais novo que ele precisa guardar em mim a presença dos irmãos. “Lembra?” – ela diz – “Quando você precisa deles e liga, eles estão sempre aqui pra te ajudar.” Ele balança a cabeça e vai listando: “os ensaios com a sua música, os conselhos do Guto, suas opiniões valiosas, a paciência do Rodrigo pra resolver as mil histórias com o playstation, com as compras dos “bakugans” pela internet”, tanta moda que ele inventa que só mesmo os irmãos pra acompanhar.
A família fica em torno de mim uma tarde inteira. Acho que gostaram de me abrir pra rever seus tesouros, como costumam dizer. Ao terminarem, guardam tudo de novo, me fecham e me levam de volta ao meu velho canto, no escritório.
Lá vão eles pro Libertas, levando um pouco de mim pra ilustrar a manhã de sábado no “Retratos de Família”. Fico aqui, no meu lugar, sem querer ser nada mais nada menos do que sou: o velho baú de lembranças dos Borges, que a cada ano se torna mais valioso a essa família.
(Escrito para o varal do "Retratos de Família", em 17/04/2010)
.
No sofá da sala passo páginas amareladas de um álbum de família. Procuro a foto preferida de minha avó Rosa, uma das poucas tiradas com toda a família reunida, ela, o avô Theo, meus tios e minha mãe na praça da cidade, retratados com roupa de domingo e ares de felicidade.
Minha avó me contava sempre aquela história... Naqueles tempos era dia de festa o dia em que um retratista chegava à cidade. As famílias se reuniam para registrar momentos que se dissipavam com o tempo, para guardar no retrato a alegria de estar ali, entre os seus, entre laços capturados na fotografia. Simples assim, a maneira de se divertir e de compartilhar os domingos.
Sinto-me feliz e cúmplice de minha avó. Acabo de chegar do Libertas, após uma manhã de “Retratos de Família”, onde me reencontrei com suas lembranças e escrevi um pedaço de minha história para contar aos meus netos. Poderei lhes contar como preparávamos frutas e bolos para um café coletivo, numa manhã de encontros com famílias vindas de muitos lugares diferentes, reunidas numa escola em que havia espaço para nossas crianças existirem junto de nós. Direi a eles que nessa festa havia um palco para que um pouco de cada um se apresentasse de seu jeito, de sua arte, de sua parte de uma família que estava ali para assistir. Contarei ainda da importância de estarmos nesses encontros, conhecendo mais de perto a escola, os amigos de nossos filhos, as famílias de nossas crianças, a liberdade das brincadeiras no pátio.
Ali não havia um retratista, como nos tempos de minha avó, mas com certeza havia alegria, e essa foi registrada por cada criança presente, por cada pedaço de coração emocionado, por cada família comprometida com a escolha por uma escola diferente, que pode nos proporcionar momentos simples assim como as praças em manhã de domingo. Inesquecíveis. Emoldurados pra sempre em nossas memórias, como pra sempre os retratos de família continuarão a existir nas paredes da sala de nossas avós.
(Publicado no "Palavras Libertas" n.08, em julho de 2008)
Na tela da TV só notícia triste...três dias vendo gente desconsolada com a perda da casa, dos filhos, da dignidade...
...vou andando bem cedo, na manhã de quinta-feira, buscando no céu aquele azul que espero chegar ano após ano quando abril começa, e ele não me decepciona. Está lá e me acompanha no caminho até a faculdade, enquanto penso nessas cenas que mostram o lado da vida que a gente prefere esquecer.
Escrevo linhas em pensamento, que coloco no papel assim que chego à sala de aula.
O que escrevi, saiu assim:
Vontades
"...de desacelerar o mundo
...de parar as tempestades
...de salvar as crianças
...de trazer Drummond de volta,
pra que ele rasgue em minúsculos pedaços seu "Poema da Necessidade"
e os espalhe pelas cabeças dos homens que habitam nosso planeta.
Vontade...de que esses homens descubram um pouco mais de poesia..."
Uma das coisas deliciosas que me aconteceu, após a maternidade, foi começar a levar minha criança ao cinema.
Sempre adorei um bom filme. O cinema sempre esteve presente em minha vida, começando pelo antigo Cine Candelária, na Praça Raul Soares, onde meu pai costumava nos levar pra vermos as sessões matinais de Tom e Jerry, aos domingos. Naquela época não havia tanta tecnologia na tela, mas o divertimento era certo. Acho que meu pai contribuiu muito pra que esse gosto ficasse pra sempre.
Depois que meu filho nasceu, voltei aos filmes infantis, que não faziam mais parte de meu repertório. Afinal, quem vai ao cinema ver desenho se não for pra levar sua criança?
Há uns seis anos tenho visto filmes incríveis e me divertido bastante. Às vezes a emoção é intensa, como aconteceu neste sábado... feriado prolongado, desde quinta o pedido é o mesmo, ir ao cinema ver o filme do dragão...a preguiça materna andava grande, com uma lista de coisas pra resolver, principalmente arrumações de espaço.
No sábado, resolvi não adiar mais o pedido, feito com tanta vontade. Lá fomos nós aprender como treinar um dragão imaginário...mas não é isso que aprendemos quando vamos pra análise? Pelo menos o assunto me parecia ser familiar...
Diante de uma tela em 3D, que fazia o dragão parecer entrar em mim, vivi horas intensas de emoção, diante de um desenho feito com tanta qualidade, que quase me convenceu ser uma história real. Apaixonei-me pelo enredo, pela troca de olhares entre o menino e o dragão, pela sensibilidade infantil que consegue estabelecer laços com qualquer ser que demonstre o mínimo de afeto.
Saí do cinema tão feliz com o programa e por ter a possibilidade de estar ali, com a minha criança, que ganhei o sábado de aleluia e o mês inteiro de abril, que estava apenas começando.
Saí pensando que levar a criança ao cinema é uma das melhores coisas que podemos fazer por nós mesmos. E que a gente nem pensa muito nisso, quer dizer, quando não temos um convite nem ficamos sabendo de um filme imperdível em cartaz, como o de hoje, como Ratatouille, como tantos outros que acrescentam tanto ao nosso cotidiano.
Acho que se não temos uma criança pra levarmos ao cinema, temos que inventar uma. As crianças não inventam amigos imaginários? Pois de hoje em diante fica decretado: se você não tem uma criança pra levar ao cinema, invente a sua: um sobrinho, um afilhado, o filho de uma amiga, ou um filho imaginário! Mas não fique de fora desse mundo.
Mais que aprender a treinar um dragão, é preciso ainda aprender a dar cordas à imaginação.
Agora, com licença, vou me retirar porque tenho que levar um dragão pra cama que está aqui, perto de mim, morrendo de sono. Acreditem, ele acabou me seguindo do cinema até aqui em casa...e eu ganhei o mundo com isso!
(filme: Como treinar seu dragão/animação da DreamWorks Animation)
Quando Eva mordeu a maçã, deixou gravada em nosso imaginário, para sempre, a cena do pecado associada ao prazer ao qual ela não resistiu...
...levamos isso por séculos e séculos, Amém...
...os dias tentadores aproximam-se de mim. Uma das épocas do ano que mais gosto, sempre tive um prazer enorme só em pensar nos Ovos de Páscoa que me esperavam. Na verdade, eles foram diminuindo muito com o passar dos anos.
Por que as pessoas acham que só as crianças gostam de ganhar esse mimo? Será que pensam que quando a gente cresce, a memória vai diminuindo e a gente se esquece da sensação deliciosa que um Ovo de Páscoa nos traz?
...desde janeiro ouvindo, vez em quando, essa frase...
Do lugar de mãe tento resolver. Difícil...às vezes passa, às vezes não.
Hoje, às 6, ele apareceu na porta do quarto. O mesmo apelo, o jeito de criança que pede colo.
Também sinto vontade, às vezes, de dizer a mesma frase...
...medo de tantas coisas que assombram nossa vida de adulto. Minhas sobrinhas, que tanto amo, perderam a babá que há oito anos existia, amorosamente, em suas vidas.
Nem era mais “babá”, mas era alguém que cuidava delas e do meu, quando ele ia de férias pra Brasília. Iam juntos pro parquinho da quadra, Tia Ana inventando brincadeiras, levando a sacola de surpresas, levando seu humor constante que enchia a casa quando ela estava presente. Aliás, custei um pouco a me acostumar com seu jeito debochado. Mas acostumei. Com esse desfecho, ainda não. A tal história do coração que nunca deu sinal de nada de errado e que, quando dá, não tem mais jeito.
Disso, eu tenho medo... foi assim que perdi meu avô, sem tempo nem pra me despedir, quando seu coração parou pra sempre, deixando-me desolada...
As meninas estão lá, tristes que dói... Acho que o medo do meu menino, no meio da noite, vai aumentar, com essa notícia.
E eu tenho que disfarçar meus medos, pra dar coragem pra essas minhas crianças seguirem o caminho sem Tia Ana por perto.
Tem notícias que a gente não queria ler nunca...quando envolve violência, então, neste país onde muitos acabam impunes e famílias sofrem perdas irreparáveis, só nos resta, mais uma vez, a indignação...
Foi através do Geraldão e do Geraldinho que voltei meu olhar para os traços do Glauco, já que também dois Geraldos fazem parte da minha história...depois, acompanhei os outros personagens.
A notícia de hoje me deixou perplexa...
Reproduzo aqui a homenagem de Tiago Vasconcelos Modenesi, postado no blog Universo HQ.
"Passei minha adolescência lendo as revistas Chiclete com Banana e Circo, ambas me introduziram no mundo do quadrinho nacional e geraram muitos derivados, entre elas a revista Geraldão, de Glauco.
De um humor marcante, com piadas certeiras e desenho simples e ágil, que muito me lembrava o do Henfil, Glauco agradava adultos com suas piadas e chegou até a agradar crianças,com o Geraldinho, que publicou na Folha de S.Paulo.
Para as artes, perder Glauco é perder um dos mais originais expoentes do humor da década de 80 no Brasil, é perder um dos "Los 3 Amigos", que marcaram tantos e tantos de nós que vão nos seus 30 e poucos anos.
Perder Glauco para a violência nos dá a sensação de impotência e indignação.
Escrevo estas palavras tentando prestar uma homenagem justa a alguém que foi importante na minha juventude, embora ele não soubesse, alguém que, junto com Laerte e Angeli, me fez rir muito.
Escrevo essas palavras com a sensação de querer chorar, com a sensação de perder alguém que passou pela minha vida em momentos bem mais simples, me deu alegria e momentos que não consigo descrever aqui.
Queria poder dizer mais, queria ter a forma de ajudar a evitar violências como essas, que arrebatam Glauco e seu filho da gente.
Fica minha indignação e meu respeito.
Glauco, você nunca será esquecido.
Obrigado."
Quem quiser ver outras homenagens que estão sendo postadas para o Glauco, acessem o link abaixo:
Sem nada pra fazer, por puro acaso pouso em frente a HBO.
..."I am Sam"...
...um homem, com comprometimento psíquico, (Sean Penn, maravilhoso no papel, como sempre) tendo que provar ser capaz de criar sua filha de 7 anos...ela passa com a futura mãe, prestes a adotá-la, por entre flores e árvores, indo pra escola. Um pássaro rosa, de origami, cai em sua frente. Ela entende o recado do pai...procura-o com o olhar por entre os galhos da árvore, enorme...não consegue vê-lo...ele está lá, no alto, vendo a filha passar...
Ouço a canção da cena. Lembranças invadem meu quarto: minha avó, com seu pássaro preto no ombro, que saía da gaiola, ali pousava e ali permanecia. Nunca entendi porque ele não ia embora...
Senti saudades. Vó Rosa e aquela casa...e seu pássaro preto que viveu ali por muitos anos.
Um instante em que o quarto virou a casa da Pampulha, onde eu amava estar...e eu permaneci em silêncio, ouvindo a delicadeza da canção...
(...pro Zepa, que adora essa canção dos Beatles, e costumava tocá-la pra mim...)