sábado, 21 de agosto de 2010

Nada mais tem idade

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Algumas semanas atrás fui ver Elza Soares no palco durante o Festival de Jazz, em BH, acompanhada do saxofonista mineiro Nivaldo Ornelas e do guitarrista argentino Victor Biglione.

Não dá pra descrever o que ali se passou. Fui um pouco ressabiada, fã que sempre fui de Elza, por saber que a veria com tantas transformações no rosto que me causam certa estranheza. Enfim, não resisti ao convite, pois, afinal de contas, aquela voz estaria ali como sempre, e não dá pra negar que é algo imperdível a voz de Elza se espalhando pelos ares.

Esperava muito, mas não esperava o que vi. Elza, com toda sua grandeza, entrando no palco amparada, não pela idade, mas por uma torção no pé que insistia em fazê-la cantar sentada...e ela insistia em se levantar, porque o corpo de Elza não sabe se conter, mesmo quando necessário.

Dá pra dizer que foi imperdível! Ela ali, maravilhosa, causando-nos sobressaltos no peito quando driblava a perna e se levantava, se esquecendo da dor, e cantava como só ela consegue fazer.

Muita gente fala de idade, do tempo de se recolher, da hora de se aquietar, mas ali, diante dos meus olhos, Elza inteira, sem idade, sem pudor, sem dor, alma desgarrada do corpo, convencendo-me de que é possível ir pra qualquer lugar no tempo e no espaço quando se deseja.

Ao final todos nós sem palavras, por alguns instantes. O silêncio acaba atravessado pelas palmas e pelas vozes da platéia, reconhecendo aquele momento divino capaz de transformar qualquer um que ali se encontrava.

Só consegui pensar que depois dessa noite, pra mim, nada mais tem idade! Vou continuar ouvindo as canções que me fazem ter vontade de insistir com a vida, sempre!

“Façamos! Vamos amar” Afinal, temos todo o tempo do mundo pela frente!

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