quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Enquanto espero

Prendo a respiração... estou ansiosa. Lá vem ele de novo, querendo me encontrar no maior clima de felicidade.

Toda vez é assim. Esqueço suas trapalhadas, perdôo as ilusões do passado e acredito que ele vai chegar com alguma novidade surpreendente. Nem parece um encontro reeditado. Enquanto espero sua chegada, penso no que irei vestir pra impressioná-lo, qual o seu perfume preferido, que sempre esqueço, fico com medo de desapontá-lo e perder o tom da noite.

Repito mil vezes comigo que vai dar tudo certo dessa vez, que ele vai fazer com que meus desejos mais secretos se realizem e vai me deixar por doze meses com ar de felicidade.

Pura ilusão? Muitos dizem que sim, que não adianta simpatia, usar cor especial, fazer promessas, amarrar pedacinhos de papel com pedidos, que ele não leva em conta nada disso. Dizem que ele chega e pronto, que o resto é comigo e que ele não vai descruzar os braços pra me fazer sorrir. Mas a gente sabe e finge que não sabe. Repete os mesmos rituais, revive as mesmas esperanças, sai de casa pra encontrá-lo, acreditando que a sorte virá naquele encontro tão desejado nos últimos dias.

Por isso estou aqui, nessas últimas horas do ano, pensando nele, que tem um nome estranho, sem letras, só com quatro números, esses que irão me acompanhar nos próximos meses, todos os dias, sem falhar nenhum.

Olho-me no espelho e tento trazer pro meu olhar aquele brilho que ilumina o rosto de uma mulher quando se vê diante de alguém tão esperado. Com certeza ele irá me abraçar quando chegar e me embalar em todas as ilusões que deposito em sua chegada. Não vou pensar no que pode não dar certo. Vou desejar o melhor pra nós dois e farei de tudo pra acompanhá-lo mais uma vez, tentando ter mais calma e paciência nos dias em que passaremos juntos.

Registro em letras meus devaneios com o romance que está prestes a se iniciar e então sinto que estou preparada pra vê-lo entrar e tomar conta da minha vida, trazendo-me dias novos em novo calendário.

Passo nos lábios um tom de vermelho, combinando com o prata da roupa cuidadosamente escolhida pra seduzí-lo de imediato. Fito-me uma última vez antes de sair. Não tenho mais dúvidas. Agora sim... sinto que estou pronta pra recebê-lo.

Alcanço a rua, tentando fugir dos pingos de uma chuva fina que cai na cidade, desde que se iniciou o dia. Batendo descompassado meu coração aguarda, com alegria, pelo tão desejado 2010... que ele queira me levar por novos caminhos!
(da Série: "O amor de cada um", n.1)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Por você

Levei um susto ontem...não tão grande, mas também não tão pequeno.

O filho mais novo volta da cachoeira com os outros dois e conta que, escorregando, se esfolou todo e bateu a cabeça em uma pedra.

A cena da chegada: ele vem andando, junto da turma dos mais velhos, com o ar da falta de graça, mas sem perder a pose. Quando se aproxima da mãe, encolhe e, ao contar o feito, começa a chorar um pouco, vindo ao encontro do abraço.

O tio médico olha, alguns palpitam, é preciso ponto, que nada, um cortezinho à toa, quase não sangra. O pai, com o jeito de sempre de achar tudo simples, tá tudo bem, é assim mesmo, faz parte, só lavar, só soprar, só esquecer...

...e mãe esquece? Essa á a parte difícil dessas histórias... mãe recomenda, não vai pra cachoeira, é perigoso, pra quê, deixa, eu quero, não tem problema, já fui antes, e vou, e vou, e tem que ir mesmo, afinal, o que o pai mais diz é “deixa o menino”, a mãe com fama de medrosa, com jeito de excesso de cuidados, tinha mesmo que deixar diante de tantos apelos.

Volta pra casa, o tio recomenda um curativo, vai ficar só uma cicatriz pequena, nem vai aparecer, tá tudo bem, curativo feito, faixa na cabeça e o filho radiante por causa da faixa, se sentindo um samurai.

Noite bem dormida, expectativa de ir pra casa da dindinha exibir a cabeça enfaixada pro melhor amigo, “o que será que ele vai achar quando me ver assim?”

...a mãe tem que rir, imagina, as crianças vivem tudo de um jeito muito diferente mesmo, a dor do machucado não era nada diante daquele contentamento às oito e meia da manhã rumo à casa da dindinha.

E só nos resta rezar pro anjo da guarda, que deve ser quem olha quando esses meninos estão soltos por aí, achando que podem passar esses sustos na gente que a gente acostuma. Será?

Ao acordar, me disse: “adoro acordar e ver minha mãe ou meu pai na minha frente, sorrindo pra mim...é o que mais gosto de ver de manhã”. Pronto! Acho que ele sabe preparar meu coração para o que vem pela frente.

Uma vez eu li em algum lugar que o Frejat escreveu “Por você” inspirado em sua filha. Fui atrás dessa história, pela vontade de deixar a música aqui...descobri que não foi nada disso, nem a letra é dele, só a música. Mas não faz mal, vou deixar assim mesmo.

Ah...esses filhos...reviram a vida da gente... Por eles, a gente acaba aceitando a vida como ela é.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Em tempos de Natal...os velhos e os novos tempos de mim

Quando escrevi sobre o Tom, achei que o blog acabou sendo invadido por uma nostalgia que, às vezes, é a minha cara. Não foi à toa que o Ignus andou confundindo minha idade.

Sou um pouco nostálgica, sim. Adoro tirar do fundo do baú lembranças de tempos que me deram prazer e viajar por elas.

Em tempos de Natal, Natal... como não pensar nisso, se a cidade inteira te avisa em luzes que estamos em dezembro?

Eu poderia escrever linhas e linhas sobre minhas lembranças, mas quero contar apenas uma: minha alegria ao desembrulhar um presente na manhã do dia 25, que trouxe enorme significado à minha vida: uma vitrolinha linda, colorida, feita sob medida pra uma criança que amava música desde sempre. Nem acreditei quando vi que agora eu tinha onde escutar meus disquinhos coloridos de histórias, que eram uma mania em tempos de minha infância. Curiosamente, não me lembro muito das músicas infantis que eu devia escutar. Mas me lembro bem, e com detalhes, da Evinha cantando “Casaco Marrom”, sem parar, na minha vitrola. Gosto tanto dessa música que ela acabou incluída em um dos meus repertórios escolhidos em tempos de show. Acho que foi uma das primeiras músicas que aprendi a cantar, antes mesmo de escrever...

Voltar aos velhos tempos de mim...por que não? “Tomar a mão da alegria e sair...”
...vou aproveitando, enquanto tenho esse tempo... acabei de saber que, nos próximos anos, estarei pesquisando de novo. Doutorado, lá vou eu mais uma vez, do meu jeito, buscando caminhos que me fazem viver os velhos e os novos tempos de mim.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Flores, letras e um jardim virtual

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
Clarice Lispector

...como as flores, as letras também desabrocham...

...flores, letras e o desejo de cada um...que possam sempre desabrochar por esse caminho todo que temos pela frente.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Mais flores

...em tons do Ira...

Flores

No meu jardim florescem letras, músicas e uma flor da Vivi, que ela me deu de presente no domingo, lá em Viz.

Adorei. A flor virou muitas, em tons de titãs.

“Há flores em tudo que eu vejo”.

Então olhar o mundo vale a pena, desse jeito!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Fly me to the moon

Por onde ando hoje à noite...na lua!


sábado, 12 de dezembro de 2009

Mais uma do Tom

Mais um sábado chegando ao fim.

Acabei de assistir "A CASA DO TOM – MUNDO, MONDE, MONDO", filme de Ana Jobim, "que conta a história de amor de Antonio Carlos Jobim com a música, a família e a natureza".

Nem tenho palavras, só sonhos...

Deixo pra vocês mais uma do Tom, falando de amor, revelando "segredo escondido num choro canção"

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O que vem primeiro: a arte ou a idade?

Quando escrevi sobre Tom Jobim, no post anterior, recebi um comentário do amigo Ignus, conhecido por seu blog “Falanau”, que me deixou intrigada...

Ele disse que se daria bem aqui no Prima Letra porque, apesar de só ter 26 anos, é conhecido como o Vovô da turma, por amar músicas antigas.

?????? Como assim??????

Ignus, a verdade é que na hora levei um susto e tanto. Então meu blog teria o perfil de “terceira idade”? Eu, que sempre me senti tão jovem, fui traída pelas artes, que traduziram uma idade a qual nem pertenço?

Não tenho nada contra a tal “melhor idade”, como atualmente chamam os maiores de 60, pra amenizar um pouco a mudança dos tempos, creio eu. Meu pai, com mais de 70, encontra-se em plena atividade profissional, dança semanalmente no grupo que freqüenta, dá aulas na faculdade até tarde da noite e ainda aproveita a vida diariamente entre amigos, vinhos e família, de um jeito que dá inveja a qualquer um de nós. Minha mãe passa boa parte do ano excursionando pelo mundo com um fôlego para poucos... E os dois ainda passam os fins de semana fazendo programas que agradam a ambos, para enfrentarem os dias de “feira” com mais saúde. Então, essa idade pode trazer também muito prazer aos que sabem vivê-la com gosto.

Mas, e eu? Com a pulga atrás da orelha fui fazer uma pesquisa sobre o significado do comentário do meu amigo, perguntando pra algumas pessoas o que entenderam sobre isso. Na verdade eu estava achando divertido o acontecimento, até porque se um blog não criar alguma polêmica pra gente pensar, fica meio sem graça.

A melhor resposta foi a do casal Cândido-Partana, bons entendedores da vida e de uma boa música, enquanto passávamos algumas horas juntos ontem, no Balaio de Gato... “Juliana, Tom Jobim, pra quem tem mais de 25 anos, é quase um desconhecido”

Por esta eu não esperava. Meu maestro soberano, Antônio Brasileiro, o Tom das minhas canções, já é coisa do passado?

O Ignus vai ter que voltar aqui pra me responder...e outra pergunta fica colocada: leitor, afinal, seu gosto musical revela sua idade?

Sabem o que eu penso, de verdade? Quem gosta de arte sabe a arte de se tornar cada vez mais jovem.

Ignus, venha mesmo pra nossa turma. Aqui você vai ficar muito bem acompanhado... com os tons, os chicos, os nandos, as cássias, com o melhor que qualquer idade pode nos oferecer. Basta ter criatividade!

Agora já me vou, feliz, para os velhos tempos de mim!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Aquela velha história de um desejo

O dia de hoje vai se acabando e eu não poderia deixá-lo ir sem estar aqui, entre minhas letras e emoções...

...muitas delas vividas esse ano, despertadas por encontros surpreendentes que trouxeram novidades deliciosas à minha vida.

Augusto levou-me de volta às noites da cidade, entre bares, botecos, restaurantes, cervejas, vinhos, o que culminou em uma parceria agradabilíssima em seu blog, que hoje comemorou em grande estilo uma existência que deu certo. O “Augusto no buteco” tornou-se referência pra muita gente que busca na cidade algum lugar interessante e o blogueiro cumpriu o que se propôs no início do ano, não desistindo de seu projeto nem em dias de desânimo, como ele mesmo escreveu, dando forma a mais um de seus desejos inusitados.

O blog do Rusty, descoberto quase por acaso em minhas aventuras gastronômicas, tornou-se outro ponto de parada. Hoje, ao descansar o olhar em seus escritos, encontrei um post que parece ter sido colocado ali pra me lembrar de algo quase esquecido: os 15 anos da partida de Tom Jobim, meu compositor preferido. Fiquei horas perdida entre suas canções, deixando um pouco a saudade invadir minha casa e sua voz preencher os espaços entre as janelas abertas para a noite sem chuva.

Não vou conseguir colocar um ponto final neste texto sem as minhas canções preferidas, apesar de ser quase impossível escolhê-las dentre as tantas que o Tom compôs com tanta paixão.

“Chovendo na Roseira” é uma delas, deixa-me encantada e me faz querer cantar uma tarde inteira entre amigos. Reparem no arranjo e em como as teclas do piano do Tom deslizam notas entre a voz de Elis.




“Fotografia” representa pra mim o encontro amoroso mais envolvente que alguém pode ter. O olhar entre duas pessoas fazendo com que o desejo cresça e roube os sentidos, sem que seja preciso uma só palavra pra denunciar a paixão estampada no rosto. Acho a letra maravilhosa, a música deliciosa e sempre que a escuto é como se eu estivesse me apaixonando pela primeira vez, tamanha minha predileção por esta canção.

“E há sempre uma canção
Para contar
Aquela velha história
De um desejo
Que todas as canções
Têm pra contar
E veio aquele beijo...”

“Aquela velha história de um desejo”...que podem ser muitos...descobrí-los é mesmo uma arte!

Agradeço ao André, cujo apelo me deu coragem pra abrir o baú das minhas letras e contar histórias que tem a cara de desejos tão particulares.

Deixo aqui a música registrada, entre ruídos de um bar, em homenagem ao blog do Augusto.

domingo, 6 de dezembro de 2009

A água em mim

De repente as palavras faltam e busco refúgio na música, meu “entendedor” da vida, como me disse um dia Vivi...

Por isso tantas delas espalhadas pelo blog.

Dizem do meu amor pelos amigos, dos meus medos, das minhas coragens...

As letras andaram sentindo ciúmes.

Voltei aqui pra escrever.

Passeio por essa vida “prestando atenção em cores que eu não sei o nome”, como um dia cantou Adriana Calcanhoto, e buscando pessoas que tornam meu mundo melhor.

Tanta coisa a fazer e os dias acelerados me fazem querer ir mais devagar. Ainda mais quando a gente acorda e percebe que chegou dezembro, um mês desejado, mas que traz certa melancolia de coisa inacabada sem mais tempo de voltar atrás.

O sábado foi de muita chuva. Não sei ainda direito o efeito de tanta água em mim. Acho que inundou meu coração.

Muitas coisas...tantas coisas...nenhuma possível de ser descrita aqui.

A água agora inunda também minha vida...a que desce dos olhos e a que vem do céu. Rouba-me o sono, aprisiona-me em pensamentos.

“Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto para quem?”

sábado, 5 de dezembro de 2009

Guilherme Arantes

Minha alma hoje nessa canção.

Pra Rita

Madrugada...e meu coração pede Nando Reis...

Jeito mais lindo de se declarar a alguém.

Ele fez essa canção pra Cássia Eller, pra dizer da amizade que se iniciava entre os dois.

Um privilégio ter amigos assim, com quem podemos dividir a vida amorosamente.

Pra Rita Cândido, que compõe e combina músicas com os tons da minha voz:

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Dia Mundial de Luta contra a Aids

Voltei mais cedo do que imaginava.

Não podia deixar de registrar o dia de hoje: Dia Mundial de Luta contra a Aids.

Diga não ao preconceito! A frase pode até parecer comum, mas a dor de quem vive com HIV/Aids não. Ela é única! E forte, cada vez que alguém se depara com a rejeição.

Muitos avanços já ocorreram no combate à doença.

Por que não ajudar a acabar com o estigma?

Passe essa idéia pra frente.