segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Por você

Levei um susto ontem...não tão grande, mas também não tão pequeno.

O filho mais novo volta da cachoeira com os outros dois e conta que, escorregando, se esfolou todo e bateu a cabeça em uma pedra.

A cena da chegada: ele vem andando, junto da turma dos mais velhos, com o ar da falta de graça, mas sem perder a pose. Quando se aproxima da mãe, encolhe e, ao contar o feito, começa a chorar um pouco, vindo ao encontro do abraço.

O tio médico olha, alguns palpitam, é preciso ponto, que nada, um cortezinho à toa, quase não sangra. O pai, com o jeito de sempre de achar tudo simples, tá tudo bem, é assim mesmo, faz parte, só lavar, só soprar, só esquecer...

...e mãe esquece? Essa á a parte difícil dessas histórias... mãe recomenda, não vai pra cachoeira, é perigoso, pra quê, deixa, eu quero, não tem problema, já fui antes, e vou, e vou, e tem que ir mesmo, afinal, o que o pai mais diz é “deixa o menino”, a mãe com fama de medrosa, com jeito de excesso de cuidados, tinha mesmo que deixar diante de tantos apelos.

Volta pra casa, o tio recomenda um curativo, vai ficar só uma cicatriz pequena, nem vai aparecer, tá tudo bem, curativo feito, faixa na cabeça e o filho radiante por causa da faixa, se sentindo um samurai.

Noite bem dormida, expectativa de ir pra casa da dindinha exibir a cabeça enfaixada pro melhor amigo, “o que será que ele vai achar quando me ver assim?”

...a mãe tem que rir, imagina, as crianças vivem tudo de um jeito muito diferente mesmo, a dor do machucado não era nada diante daquele contentamento às oito e meia da manhã rumo à casa da dindinha.

E só nos resta rezar pro anjo da guarda, que deve ser quem olha quando esses meninos estão soltos por aí, achando que podem passar esses sustos na gente que a gente acostuma. Será?

Ao acordar, me disse: “adoro acordar e ver minha mãe ou meu pai na minha frente, sorrindo pra mim...é o que mais gosto de ver de manhã”. Pronto! Acho que ele sabe preparar meu coração para o que vem pela frente.

Uma vez eu li em algum lugar que o Frejat escreveu “Por você” inspirado em sua filha. Fui atrás dessa história, pela vontade de deixar a música aqui...descobri que não foi nada disso, nem a letra é dele, só a música. Mas não faz mal, vou deixar assim mesmo.

Ah...esses filhos...reviram a vida da gente... Por eles, a gente acaba aceitando a vida como ela é.

5 comentários:

  1. Muitos tios médicos já passaram isso com seus próprios filhos e, assim, podem ajudar. Tio é prá isso mesmo!!

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  2. Ai que susto! Verdade.Porque tia só serve pra virar mãe nessas horas.
    Então, feliz Ano-Novo (e numa piscina bem perto de nós...)! Beijocas.

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  3. Geruza, realmente, com ele na piscina em sua companhia fico mais tranquila...o problema é que assim esses meninos não acham graça...querem mesmo é uma grande aventura.
    Saudades, volta logo pra gente jogar conversa fora no 501!

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  4. Meu susto foi grande também. Desses de incomodar, de refletir, de levar pra análise.

    Passei a respeitar mais essas mães com fama de chatas e medrosas.

    Cuidar de menino é fria igual água de cachoeira.

    André

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  5. Deco, estou aprendendo a soltar o menino e a encarar esses momentos...apesar de ter te recomendado, sei que tem coisas que escapam mesmo. E valeu pra ele aprender que tem que prestar mais atenção por onde anda. Afinal, caminhar com as próprias pernas significa isso tudo. A gente fica com a fama porque é preciso existir cuidado de mãe. Mas nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Se ele crescer e ficar parecido com você, vou ter o maior orgulho!

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