Na semana passada, ouvi algumas mulheres conversando no clube que frequento, enquanto esperava meu filho terminar a aula de esportes.
Não pensem que eu fiquei ouvindo a conversa alheia. Na verdade eu estava sentada na mesa ao lado, lendo um livro, mas elas colocaram na roda um assunto que aos meus ouvidos de psicanalista não teria como passar despercebido. E depois que inventei essa mania de brincar com as letras do meu baú, se eu não prestar atenção em coisas que despertam meus sentidos, acabo não escrevendo nada. Inspiração não cai do céu, não. Dá trabalho, como me disse um dia Mônica Sartori, relembrando uma tarde inteira de trabalho deitada na grama, olhando as nuvens, pra pintar, se não me engano, a série maravilhosa “Ponta de Asa de Anjo”. Tenho a sorte de ter uma dessa ponta de asa emoldurada no meu quarto, encantando diariamente meu olhar. Mas quando a Mônica entrou em casa e disse pra empregada que estava cansada demais de tanto trabalhar, sentiu que foi considerada meio maluca. Pela cara que encontrou como resposta, imaginou seu pensamento – “Como assim? Cansada de ficar deitada na grama, olhando o céu?” – Rimos muito dessa história.
Então, eu ali estava, trabalhando, e as mulheres, todas da “melhor idade”, como se diz hoje, indignadas com a atitude de uma pessoa que estaria coordenando alguns cursos no clube. Não sei detalhes. Mas o motivo da indignação seria o fato de que uma delas tentou se matricular na aula de dança e qual não foi sua surpresa ao saber que ela só poderia ir “se fosse acompanhada pelo marido”!!!!! Isso mesmo. “Sozinha não pode, só com o marido.” E olha que ela argumentou que no ano passado foi sozinha, não teve problema, mas a tal coordenadora foi taxativa. “As regras mudaram. Agora, só com marido”.
Tive que sentir simpatia pela reação delas. Em peno século 21, alguém ter que levar marido pra fazer aula de dança? E elas se perguntavam: “qual o problema?”, “e se eu quiser ir sozinha?” “porque tenho que fazer o que gosto só se ele for?” “Ele não gosta de dançar, vai fazer o que lá?”
Uma delas até contou que o marido disse que iria ao primeiro dia, só pra ela poder entrar, mas depois não voltava. Mas ela não quis, não ia se render a uma exigência tão descabida.
Enfim, a discussão rolava solta, e elas acabaram concluindo que a tal coordenadora não tem sensibilidade, não sabe ser feliz, nem vai durar muito no cargo, porque "não entende nada da nossa alma" e, com a seguinte frase, uma delas encerrou de vez a conversa: "A verdade é que a alegria incomoda as pessoas!"
Fiquei fã delas. Nota zero pra tal coordenadora. Que bobagem é essa de “mulher só entra com marido”?
Ando torcendo pra elas fazerem uma passeata dia desses lá no clube, reivindicando o direito de dançar a qualquer hora, de qualquer jeito, inclusive sem par. Sou capaz até de ajudar nos cartazes.
Amor é pra acrescentar!
Juliana,
ResponderExcluire homem sem esposa pode?
Augusto
Augusto, isso eu não sei. Não posso dizer pra você ir até lá tentar se matricular porque você ainda é muito novo pros cursos do Cabeça de Prata.
ResponderExcluirMas meu sogro pode. E aposto que faria o maior sucesso! Essa coordenadora pisou mesmo feio na bola.
Juliana,
ResponderExcluirpensa, a Coordenadora (talvez até a direção do Minas) deve estar certa. Ela sabe que as mulheres são fiéis até conhecerem o Chico Buarque ou até dançarem uma semana com um homem qualquer.
Augusto
Sei não...já dancei com vários! E continuo fidelíssima! Agora, se o Chico aparecesse na minha frente...sei não se eu não perdia o juízo, rsrsrs!
ResponderExcluirJu... Certeza que elas tinham mais de 60?? rsrsrs
ResponderExcluirMas paralelamente a isso... Acompanhando a reflexão, a sociedade inventa e dita tanta "regra" que vai contra o desejo, né?!!!... As vezes necessárias - que mal estar a civilização! Mas quem disse que precisa do marido prá dançar?? Salve o Chico e a dança!!! :)
bjosss
Dea