sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Tiraram o doce da minha boca!

O texto de hoje é, na verdade, um grande protesto à saída da Viviane Zandonadi da CBN, com seu programa diário “Turismo e Gastronomia”.

Sabe quando você elege um doce preferido, come sempre e nunca enjoa, de tão bom, conta as horas pra que chegue o momento da sobremesa e sente enorme prazer com o sabor da descoberta, que passa a fazer parte da sua vida?

Pois é... Que me perdoem os leitores que acharem minhas palavras um tanto açucaradas, mas hoje acordei com gosto amargo na boca porque dela me tiraram o doce e eu não fiquei nem um pouco feliz com isso. Por isso resolvi protestar, “letrando” minha decepção.

Levo meu filho à escola logo depois do almoço e o trânsito nesse horário costuma ser bem indigesto, tornando um martírio, às vezes, uma obrigação diária que poderia ter outro sentido entre pais e filhos. Acabei descobrindo o programa da Vivi nesse trajeto – e arrisco a chamá-la assim tamanha proximidade que ela provocava nos ouvintes com seu jeito espontâneo de dizer as coisas – o que mudou completamente o início das minhas tardes. Não é só porque ela falava sobre turismo e gastronomia, temas sempre interessantes, mas pelo jeito que ela falava. Pra começar, o programa trazia em seu início uma música escolhida por ela a dedo. Cada preciosidade que vocês não imaginam existir. Para os que me conhecem e sabem o que significa música em minha vida, já deu pra perceber que fui capturada de cara pelo seu bom gosto. Depois, as dicas sobre lugares pra ir a dois, com amigos, com crianças, com o coração, com o desejo e tudo mais que podemos levar pra passarmos horas de puro deleite, longe da confusão que a cidade nos apresenta. Às vezes o lugar estava lá mesmo, na cidade confusa, mas de tão bom conseguia nos transportar para fora dela, e saber de sua existência pela Viviane era como descobrir segredos que a cidade esconde. Os pratos, as comidas, os pecados... (Lembra, Vivi, do programa sobre as coxinhas? Fez tanto sucesso que o Sardenberg perdeu a conta de quantos e-mails teve que ler no ar). Enfim, só mesmo os ouvintes assíduos como eu sabem o que significa o término do programa. Lamentável, escreveu um deles, absurdo, outro... Inacreditável, escrevo eu, que agora tenho que encontrar um início de tarde sem graça e sem gosto e reinventar meu caminho entre o mar de carros, com a decepção de ter tido o doce preferido tirado da minha boca, sem saber de quem foi a responsabilidade por uma decisão tão equivocada. Sei que tal decisão não partiu dela e que ela também está lamentando o fim do programa, dizendo no blog do TG que: “Não dá para explicar o inexplicável, mas tem uma carta de despedida...”

Não, Vivi, não quero me despedir. Mais uma vez protesto. Ainda bem que você criou um blog pra que a gente não fique tão só nas tardes da cidade... E lá você está inteira, com sua maneira delicada e elegante de expor idéias, escolhas, músicas, filmes e tudo mais que te interessa compartilhar com seus ouvintes.

Tenho uma amiga que disse achar minha idéia de virar blogueira um ato de coragem e tanto, já que a gente acaba expondo o coração a céu aberto pra quem quiser nos ler. Deve ser mesmo. Mas acho que vale a pena. Se vocês entrarem no blog da Viviane, listado em minhas preferências, irão encontrar ali alguém que tem coragem de pintar na tela de um computador as cores que escolhe pra dar mais vida à vida. Ali, ela escreveu: “... não entendo a vida sem música...” Vivi, eu também não. E também não entendo a CBN sem você. Boa sorte e continue seu trabalho, que me abriu outras janelas pra que eu alimente minha coragem de estar aqui.

Um comentário:

  1. Oi, Juliana. Sinto que sou mesmo privilegiada. Não se nem o que dizer. Obrigada. Sem ouvidos e sensibilidade como os teus - e de tantas outras pessoas que foram carinhosas e generosas, não teria dado tão certo. Deu. Um beijo e obrigada, vizinha. Vivi.

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