segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Cadê a criança que estava aqui?

“O tempo comeu!”...
Será esta a melhor resposta? Acho que sim, literalmente. O tempo que se vai com os anos e o tempo de brincar, que se transforma em tempo de tantos compromissos que a gente, muitas vezes, perde a noção de como é bom se esquecer do mundo por algumas horas, envolvendo-se com o que nos traz prazer.

Não era assim no tempo da infância? De repente um silêncio pela casa e a mãe, curiosa, lá ia descobrir cadê a criança que estava ali. Deparava-se com ela perdida entre brinquedos, carrinhos ou bonecas, longe de tudo e de todos, e imensamente feliz. Nada eletrônico ou muito barulhento, capaz de transportá-la para um mundo de fantasias onde era possível encontrar Emília, Narizinho, Pedrinho e tantas outras diversões que não traziam riscos, como os jogos eletrônicos de agora, que trazem temas de arrepiar nossos cabelos. Por isso a criança podia se ausentar por algumas horas sem trazer medo. Com certeza estava bem acompanhada. Nos dias de hoje qualquer ausência momentânea angustia os pais, temerosos por não ter à vista a criança da casa.

Não estou lamentando o passar dos anos. Ele também é bem vindo. Apenas estou divagando sobre o que deixamos o tempo nos roubar. Por isso é preciso trazer à cena a criança que nos habita e presenteá-la, de alguma maneira, com instantes de alegria e paz – sem tanta pressão, sem tanta correria, sem tantas exigências. Rever amigos, buscar nossa turma, dividir risadas é tudo de bom nesse tempo meio louco que estamos vivendo.

Este prazer eu tive nesse feriado, em dose tripla. Primeiro, um almoço de fogão a lenha em plena cidade, na casa de um amigo querido que faz questão de cultivar momentos assim. Dá vontade de repetir sempre. Depois uma esticada para um vinho entre amigas, onde o velho tema “homens, mulheres e nossas diferenças” nos fez rir como crianças, descobrindo mais uma vez que conseguir com que o desejo de ambos coincida é mais difícil do que ter a infância de volta. Por isso é preciso muita criatividade para que a convivência dê certo. Mas desistir, jamais! Que seria da vida sem as diferenças? E, por último, uma conversa animada entre dois casais, sobre casamento, onde brincávamos de sugerir o que fazer pra dar conta da rotina, da cara emburrada, da impaciência com o outro, que às vezes nos invade. Um problema que as crianças nem imaginam que terão que enfrentar um dia, caso venham a dividir o mesmo teto com a pessoa amada. O clube da Luluzinha e do Bolinha adia o conflito pra mais tarde.

Tive uma infância deliciosa, de brincadeiras com primos do Rio, que transformavam meu fim de ano em dias mágicos, de leituras de Monteiro Lobato e revistas em quadrinho, de matinês no domingo à tarde de filmes da Disney, de passeios ao parque e voltas na roda gigante e tantos outros bons momentos, gravados no coração. Ando tentando, agora, não deixar o tempo me levar isso. Escrever aqui, neste Dia das Crianças, desejando aos adultos um pouco de fantasia e tempo pra sorrir faz parte do que venho acrescentando de bom à minha vida.

E, pra terminar, cenas de magia e amor aos nossos olhos, trazendo o Soldadinho de Chumbo, na versão genial da Disney.

2 comentários:

  1. Querida Juliana, os anos passam e são mto bem-vindos(principalmente se passam bem longe... ou bem perto...oops...).
    Que bacana seu texto: docinho, docinho! Espero q mta gente possa prová-lo.
    Beijinhos.

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  2. Ju, devemos e sempre repetiremos os momentos ao redor do fogão a lenha , por isso é que ele existe. Para aquecer nossa comida e nos alimentar de risadas, choros , alegrias e muita amizade.Abraço

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