quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Camisinha? Nem pensar!

Que muita gente acha difícil falar de sexo com as crianças, até aí nenhuma novidade! Mas como fazer diante de tanta informação que elas escutam, por todos os lados que passam? Fingir que não é com a gente? Não me convenço dessa opção.

Terminei recentemente um mestrado sobre mães e crianças vivendo com HIV/Aids e o mais impressionante como resultado do estudo foi o silêncio em torno da doença, mesmo quando a criança conhece seu diagnóstico. As mães desconversam, fingem que não entendem a curiosidade do filho e a criança fica impedida de perguntar, de compreender porque não pode contar pra ninguém que toma remédio e sem poder falar sobre várias outras questões importantes que deveriam ser tratadas na família.

Como irão fazer na adolescência, quando o amor vier embalado em camisinha?

Chegamos então a ela...acham que não é mais tabu? Então escutem essa historinha, passada aqui perto mesmo, mais exatamente nos cantos em que o filho desta blogueira costuma estar.

Em época de gripe suína, a escola pediu que os alunos levassem garrafinhas individuais para a água. E lá vai uma, mais uma, mais outra...e nada delas voltarem. Uma das que restou aqui em casa trazia na embalagem os dizeres de um Congresso sobre Aids/Prevenção, que participei em 2006. "Vista-se. Use sempre camisinha".

"Mãe, eu não vou levar isso pra escola não!
Escrito c a m i s i n h a???"...

...manifestou-se, na hora, a voz de 8 anos, já entendido de um assunto que sempre surge em propagandas. Pra que serve a camisinha, ele já sabe.

"Quê isso, meu filho. Pode levar. Depois, não tem outra aqui não, você deixou todas na escola."

Sabem o que aconteceu? Hoje, na hora de pegar a garrafa devidamente lavada, ele disse: "Olha, todo mundo riu, o menino do meu lado fez piada e a professora me olhou com cara de brava. Achei melhor guardar a garrafinha."

Achei a história mal contada e lhe dei uma espremida na parede. Na verdade ele ficou mostrando a garrafinha para os colegas porque, segundo sua explicação lógica, "camisinha é engraçado por causa do formato dela".

Entenderam?

Não é à toa que a garrafinha não ficou esquecida na escola.

Outra cena, vivida por uma amiga. Ela e o marido faziam compras de supermercado com seus dois filhos, de 10 e 11 anos. Os quatro ali, entre corredores, prateleiras e carrinho. Os meninos ajudando. De repente, nenhum dos dois quer mais chegar perto do carrinho. Ela sem entender o motivo. Até que descobriu a razão daquele afastamento repentino. Como chegar perto, com algumas camisinhas "a céu aberto" no meio das compras? A vergonha era evidente.

Então, me respondam:

A tal camisinha é pra ficar mesmo só no bolso?

Dá pra gente fazer este assunto circular entre as crianças?

Ou...nem pensar?

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